Governo fala em recuperação de 90 por cento dos jovens infratores em Itabuna

Juíz presidente audiência do Creas
Ascom

Pelo menos 90 por cento dos adolescentes que cumprem medidas sócio- educativas no Centro de Referência Especializado de Assistência Social - Creas-Medida do Projeto Grapiúna Cidadão, mantido pela Secretaria Municipal de Assistência Social, voltam a se reintegrar à família e à sociedade. A informação foi prestada pela coordenadora do Creas-Medida, Rosana Bandeira, durante audiência realizada nesta sexta-feira, 16, na Vara da Infância e da Juventude de Itabuna. A audiência é realizada trimestralmente e hoje foram avaliados 40 adolescentes em conflito com a lei envolvidos no projeto.

A audiência foi presidida pelo juiz da Vara da Infância e Juventude, Marcos Bandeira, com a presença do promotor público Patrick Pires da Costa e do defensor público Washington Luis Pereira Andrade, além de familiares dos adolescentes. Só após a leitura do relatório elaborado pela equipe multidisciplinar do Creas-Medida e da conversa com a família e com cada adolescente individualmente, é que o magistrado sentencia se ele está pronto para a reintegração social ou se continua cumprindo medida sócio-educativa. O período de permanência do menor no programa varia de seis meses a três anos.   

Durante o período em que o adolescente cumpre a medida no Grapiúna Cidadão  participa de atividades sócio-educativas e de oficinas de arte e de informática, executadas por psicólogos, assistentes sociais e educadores. Rosana Bandeira informa que a equipe também trabalha a espiritualidade do adolescente, respeitando as religiões de cada um. “Trabalhamos com valores éticos universais como o amor, a solidariedade, o respeito às pessoas e a natureza. Acredito que essas ações tem feito um diferencial muito grande na vida dessas famílias assistidas”. 

O sucesso do programa pode ser medido a partir de declarações emocionadas dos próprios adolescentes e de seus familiares. G.P.S, (16 anos), que cumpriu medida sócio-educativa durante 11 meses, por exemplo, foi um dos que confirmaram o resultado positivo das ações do Creas-Medida. “Eu era muito agressivo e estava sempre pronto para a briga em casa ou na rua e não gostava de estudar. Eu mudei e me sinto melhor assim”.

A mãe do adolescente E.P.S., do bairro Urbis IV, se emocionou com a declaração do filho, ao confirmar que ele deixou de ser agressivo e está mais perto da família. “Hoje ele freqüenta a escola espontaneamente e se interessa por atividades comuns a um adolescente do bem. Ele se transformou numa nova pessoa, graças ao trabalho que o Creas-Medida tem realizado em Itabuna”.

A coordenadora Rosana Bandeira, que já atua há mais de oito anos no programa, diz que o ser humano não nasce predestinado a ser marginal. “Pode acontecer em qualquer família e se acontece é preciso ações e oportunidades como esta que o município disponibiliza”.

Sensibilidade à causaEla informa também que o prefeito Claudevane Leite tem acompanhado de perto o trabalho do Grapiúna Cidadão e dado condições para que as ações sejam executadas de forma a atender satisfatoriamente bem as famílias que têm adolescentes em conflito com a lei em casa. “O prefeito é muito sensível a essa questão, ele sabe da necessidade de se apoiar e incentivar um trabalho como este”.   

O juiz da Vara da Infância e da Juventude, Marcos Bandeira, também acredita que as ações sócio-educativas como as que são realizadas pelo Grapiúna Cidadão são a melhor forma de ressocialização de adolescentes em confronto com a lei. Para ele, a punição severa nem sempre trás o resultado esperado. “Muitos jovens precisam apenas de oportunidades que lhe permitam ver o lado bom e correto da vida e de aprender uma profissão. O Creas-Medida oferece essa oportunidade”, confirma o magistrado.